O PORTUGUÊS EM OLIVENÇA

JORNADA IGNORADA PELA GRANDE IMPRENSA (JL, Revista Alentejo, Visão, Expresso, Público,
etc.), 28-Fevereiro-2009
UM ESTRONDOSO ÊXITO, A JORNADA DO PORTUGUÊS DE OLIVENÇA DO DIA 28 DE FEVEREIRO
DE 2009

UM ESTRONDOSO ÊXITO, A JORNADA DO PORTUGUÊS DE OLIVENÇA DO DIA 28 DE
FEVEREIRO DE 2009
(COM PRESENÇAS DE “PESO”!!!)(DUAS VERSÕES)
O dia amanheceu sem nuvens significativas. O Sol pareceu querer
saudar o evento. E não
era para menos!
Neste dia 28 de Fevereiro de 2009, e pela primeira vez desde 1801,
a Língua Portuguesa
manifestava-se livremente em Olivença. Mais do que isso, com a “cobertura” das
autoridades espanholas máximas a nível local e regional. E, talvez
ainda (!) mais
importante do que tudo isso, graças à iniciativa, ao esforço, à
coragem de uma associação
oliventina, a Além-Guadiana.
Não por acaso, jornais e televisões estavam representados. E
talvez por acaso, pois
outra razão seria insustentável, não estavam órgãos de comunicação
portugueses,
empenhados com outras realidades informativas. De facto, decorria o
Congresso do Partido
do Governo em Lisboa.
A Jornada do Português Oliventino decorreu na Capela do vetusto
Convento português de
São João de Deus. Num clima de alguma emoção. Estava-se a fazer
História… e quase 200
pessoas foram testemunhas disso, entre as quais o arqueólogo Cláudio
Torres, o “herói” do
mirandês Amadeu Ferreira, e… bem… fiquemos por aqui!
Falou primeiro o Presidente da Junta da Extremadura espanhola,
Guillermo Fernández
Vara. Curiosamente, um oliventino. Foi comovente ouvi-lo confessar
que, na sua casa
paterna, o Português era a língua dos afectos. Uma herança que ele
ainda conserva, apesar
de já ser bem crescidinho… e Presidente duma região espanhola.
De certa forma, estava dado o mote. O Presidente da Câmara de
Olivença, Manuel Cayado,
falou em seguida, realçando o amor pela língua portuguesa, e
acentuando o papel de
Olivença como ponto de encontro entre as culturas de Portugal e Espanha.
Joaquín Fuentes Becerra, presidente da Associação, fez então uma
breve intervenção, em
que se destacou a insistência no aspecto cultural da Jornada.
Juan Carrasco González, um conhecido catedrático, falou das
localidades extremenhas,
quase todas fronteiriças, onde se fala português, com destaque para
Olivença, e defendeu
que tal característica se deveria conservar.
Usou depois da palavra Eduardo Ruíz Viéytez, director do Instituto
dos Direitos
Humanos e Consultor do Conselho da Europa, vindo de Navarra, embora
nascido no País
Basco, que defendeu as línguas
minoritárias e explicitou a política do Conselho da Europa em relação
às mesmas. Informou
a assistência sobre o ocorrido com o Português de Olivença. De facto,
o Conselho da
Europa já havia pedido informações ao Estado Espanhol sobre este desde
2005, sem que
Madrid desse resposta. Em 2008, graças à Associação Além-Guadiana,
fora possível conhecer
detalhes, com base nos quais o Conselho fizera recomendações críticas.
Seguiu-se Lígia Freire Borges, do Instituto Camões, que destacou o
papel da Língua
Portuguesa no mundo, com assinalável ênfase e convicção. Tal discurso
foi extremamente
importante, já que, tradicionalmente, em Olivença, se procurava (e
ainda há quem procure)
menorizar o Português face ao “poderio planetário” do espanhol/castelhano.
Uma pequena mesa redonda antecedeu o Almoço. Foi a vez de ouvir a
voz de alguns
oliventinos, em Português, bem alentejano no vocabulário e no sotaque,
em intervenções
comoventes, em que não faltaram críticas e denúncias de situações de repressão
linguística não muito longe no tempo.
À tarde, falaram Domingo Frade Gaspar (pela fala galega, nascido
na raia extremenha) e
José Gargallo Gil (de Valência, a leccionar em Barcelona), ambos
professores universitários, que continuaram a elogiar políticas de
recuperação e
conservação de línguas minoritárias. O segundo fez mesmo o elogio da
existência de
fronteiras e do de seu estatuto de lugar de encontro e de compreensão
de culturas
diferentes, embora não como barreiras intransponíveis.
Seguiu-se Manuela Barros Ferreira, da Universidade de Lisboa, que relatou a
experiência significativa de recuperação, quase milagrosa, do
Mirandês, a partir de uma
muito pequena comunidade de falantes, convencidos, afinal erradamente,
de que aquela
língua tinha chegado ao
fim. O exemplo foi muito atentamente escutado pelos membros do Além-Guadiana.
Falou finalmente o Presidente da Câmara Municipal de Barrancos, a
propósito dos
projectos de salvaguardar o dialecto barranquenho e de o levar à
“oficialização”.
Queixou-se do estado de abandono em que se sentia o povo de Barrancos
face a Lisboa.
No final, foi projectado um curto filme sobre o Português
oliventino, realizado por
Mila Gritos. Nele surgiam
oliventinos a contar a história de cada um, sempre em Português, explicando os
preconceitos que rodeavam ainda o uso da Língua de Camões e contando histórias
pitorescas. A finalizar o “documentário”, uma turma de jovens alunos
de uma escola numa
aula de Português
pretendia mostrar para a câmara os caminhos do futuro.
Deu por encerrada a sessão Manuel de Jesus Sanchez Fernandez, da Associação
Além-Guadiana, que ironizou um bocado com as características
alentejanas do Português de
Olivença, comparando-o com o pseudo superior Português de Lisboa.
A noite já tinha caído quando, e não sem muitos cumprimentos e
alegres trocas de
impressões finais, os assistentes e os promotores da Jornada
abandonaram o local. Com a
convicção de que tinham assistido a algo notável.
Estremoz, 28 de Fevereiro de 2009
Carlos Eduardo da Cruz Luna
___________________
2) O ARTIGO DOUTRO HISTORIADOR
OLIVENÇA DEFENDE PORTUGUÊS
(grande fotografia do Convento de São João de Deus em Olivença, com
carros e pessoas à
sua porta)
ANTÓNIO MARTINS QUARESMA/HISTORIADOR
Conforme o «Alentejo Popular» noticiou no último número,
realizou-se no passado 28 de
Fevereiro, em Olivença, um encontro, que teve por tema central o
português oliventino,
isto é, o português alentejano ainda falado naquela cidade pela franja
mais idosa da
população.
A organização deste Encontro deve-se à recentemente fundada
associação oliventina Além
Guadiana, que, estatutariamente, persegue a revitalização das raízes culturais
portuguesas, em particular da língua. Esta Associação, dirigida por
jovens, representa em
Olivença uma nova maneira de encarar a cultura tradicional,
valorizando-a e combatendo o
preconceito que normalmente atinge as formas de cultura popular.
O Encontro foi apoiado pelas instituições locais e regionais
espanholas, como o
“Ayuntamiento” de Olivença e a Junta de Extremadura, que aliás
estiveram presentes
através do Presidente da Junta, o também oliventino Guillermo
Fernández Vara, e pelo
“Alcalde” de Olivença, Manuel Cayado Rodríguez.
Recorde-se que em Olivença, antiga vila portuguesa desde o século
XIII, anexada à
Espanha no princípio do século XIX, o português se falou
maioritariamente, até há bem
pouco tempo. Hoje em dia, é falado apenas por uma minoria, mas os
vestígios materiais da
presença portuguesa são numerosos e muito visíveis. A influência
portuguesa é sentida
também nos «pormenores». A doçaria, por exemplo, onde sobressai um
saboroso doce, que dá
pelo peculiar nome de técula-mécula, é familiar ao nosso gosto alentejano.
Nesta jornada estiveram presentes alguns linguistas, portugueses e
espanhóis, cujas
comunicações se revestiram de alto nível. Eduardo Ruíz Viéytez fez
ressaltar a ideia de
que a defesa das línguas minoritárias, como o POrtuguês oliventino, é
também uma questão
de Direitos Humanos e uma preocupação do Conselho da Europa. Juan
Carrasco González
explicou as variedades linguísticas da fronteira. Lígia Freire Borges
falou no papel do
Instituto Camões. José Gargallo Gil dissertou sobre fronteiras e
enclaves na Península.
Manuela Barros Ferreira trouxe o MIrandês, a língua minortitária de
trás-os-Montes.
Manuel Jesus Sánchez Fernández focou as dificuldades do Português
oliventino. Servando
Rodríguez Franco mostrou exemplos de alterações toponímicas em
Olivença, resultantes da
interpretação castelhana do POrtuguês. Domingo Frades Gaspar discorreu
sobre a língua do
vale do Eljas. António Tereno, o único responsável político português
presente, explicou,
por sua vez, as vicissitudes por que tem passado o processo de
«classificação» do
«barranquenho».
Um momento especial foi a intervenção de José António Meia-Canada
(querem apelido mais
alentejano?), natural de Olivença, que, na sua língua materna, deu
genuíno testemunho do
Português oliventino.
Por fim, foi projectado um projectado um documentário sobre o
Português de Olivença,
realizado a propósito. Após a projecção, com a noite já entrada, a
Jornada terminou, no
meio de geral satisfação, pelo seu êxito e pela geral convicção de que
se estão a
realizar acções profícuas no sentido da defesa do Português oliventino.
Uma palavra ainda sobre a Associação Além Guadiana. Ela tem o seu
sítio na “net”, onde
se podem encontrar notícias sobre as actividades que desenvolvem, para
além de diversas
informações com interesse. Basta procurar no Google, ou ir
directamente aos endereços
http://wwwq.alemguadiana.com” e “http://alemguadiana.blogs.sapo.pt/”.
O Presidente da
Direcção é Joaquim Fuentes Becerra. Os restantes mebros são Raquel
Sandes Antúnez,
conhecida de todos os que gostam de boa música e do grupo oliventino
Acetre, Felipe
Fuentes Becerra, Fernando Píriz Almeida, Manuel Jesús Sanchez
Fernández, Eduardo Naharro
Macías-Machado, Maria Rosa Álvarez Rebollo, José António González
Carrillo, António
Cayado Rodríguez e Olga Gómez.
À laia de apelo, deixamos aqui uma nota final, dirigida
especialmente às entidades
portuguesas responsáveis pela política cultural, para que, à
semelhança do que fazem os
nossos amigos oliventinos, também em Portugal se preste atenção ao
Português alentejano
de Olivença.

Diário do Alentejo(jornal Progressista), 13-Março-2009
OLIVENÇA DEFENDE PORTUGUÊS
(PRIMEIRA PÁGINA: O CADERNO DOIS dá destaque a um encontro em
Olivença, em que a língua
portuguesa, designadamente o Português oliventino, foi tema.)
CADERNO DOIS
(grande fotografia da Porta Manuelina da Câmara)
JÁ SÓ OS MAIS VELHOS FALAM OLIVENTINO
OLIVENÇA PROMOVE LÍNGUA PORTUGUESA
NO passado dia 28 de Fvereiro,realizou-se, em Olivençaum encontro
em que a língua
portuguesa, mais concretamente o português oliventino, foi tema.
Também a cultura
portuguesa de Olivença, em geral, o “barranquenho” de Barrancos, e o
“mirandês, de
Trás-os-Montes, foram, a propósito, objecto de atenção.
Texto: A. Martins Quaresma

isto é, o português alentejano ainda falado naquela cidade pela franja
mais idosa da
população.
PORTUGUESAno passado 28 de
Fevereiro, em Olivença, um encontro, que teve por tema central o
português oliventino,
isto é, o português alentejano ainda falado naquela cidade pela franja
mais idosa da
população.
A organização deste Encontro deve-se à recentemente fundada
associação oliventina Além
Guadiana, que, estatutariamente, persegue a revitalização das raízes culturais
portuguesas, em particular da língua. Esta Associação, dirigida por
jovens, representa em
Olivença uma nova maneira de encarar a cultura tradicional,
valorizando-a e combatendo o
preconceito que normalmente atinge as formas de cultura popular.
O Encontro foi apoiado pelas instituições locais e regionais
espanholas, como o
“Ayuntamiento” de Olivença e a Junta de Extremadura, que aliás
estiveram presentes
através do Presidente da Junta, o também oliventino Guillermo
Fernández Vara, e pelo
“Alcalde” de Olivença, Manuel Cayado Rodríguez.
Recorde-se que em Olivença, antiga vila portuguesa desde o século
XIII, anexada à
Espanha no princípio do século XIX, o português se falou
maioritariamente, até há bem
pouco tempo. Hoje em dia, é falado apenas por uma minoria, mas os
vestígios materiais da
presença portuguesa são numerosos e muito visíveis. A influência
portuguesa é sentida
também nos «pormenores». A doçaria, por exemplo, onde sobressai um
saboroso doce, que dá
pelo peculiar nome de técula-mécula, é familiar ao nosso gosto alentejano.
Nesta jornada estiveram presentes alguns linguistas, portugueses e
espanhóis, cujas
comunicações se revestiram de alto nível. Eduardo Ruíz Viéytez fez
ressaltar a ideia de
que a defesa das línguas minoritárias, como o POrtuguês oliventino, é
também uma questão
de Direitos Humanos e uma preocupação do Conselho da Europa. Juan
Carrasco González
explicou as variedades linguísticas da fronteira. Lígia Freire Borges
falou no papel do
Instituto Camões. José Gargallo Gil dissertou sobre fronteiras e
enclaves na Península.
Manuela Barros Ferreira trouxe o MIrandês, a língua minortitária de
trás-os-Montes.
Manuel Jesus Sánchez Fernández focou as dificuldades do Português
oliventino. Servando
Rodríguez Franco mostrou exemplos de alterações toponímicas em
Olivença, resultantes da
interpretação castelhana do POrtuguês. Domingo Frades Gaspar discorreu
sobre a língua do
vale do Eljas. António Tereno, o único responsável político português
presente, explicou,
por sua vez, as vicissitudes por que tem passado o processo de
«classificação» do
«barranquenho».
Um momento especial foi a intervenção de José António Meia-Canada
(querem apelido mais
alentejano?), natural de Olivença, que, na sua língua materna, deu
genuíno testemunho do
Português oliventino.
Por fim, foi projectado um projectado um documentário sobre o
Português de Olivença,
realizado a propósito. Após a projecção, com a noite já entrada, a
Jornada terminou, no
meio de geral satisfação, pelo seu êxito e pela geral convicção de que
se estão a
realizar acções profícuas no sentido da defesa do Português oliventino.
Uma palavra ainda sobre a Associação Além Guadiana. Ela tem o seu
sítio na “net”, onde
se podem encontrar notícias sobre as actividades que desenvolvem, para
além de diversas
informações com interesse. Basta procurar no Google, ou ir
directamente aos endereços
http://wwwq.alemguadiana.com” e “http://alemguadiana.blogs.sapo.pt/”.
O Presidente da
Direcção é Joaquim Fuentes Becerra. Os restantes mebros são Raquel
Sandes Antúnez,
conhecida de todos os que gostam de boa música e do grupo oliventino
Acetre, Felipe
Fuentes Becerra, Fernando Píriz Almeida, Manuel Jesús Sanchez
Fernández, Eduardo Naharro
Macías-Machado, Maria Rosa Álvarez Rebollo, José António González
Carrillo, António
Cayado Rodríguez e Olga Gómez.
À laia de apelo, deixamos aqui uma nota final, dirigida
especialmente às entidades
portuguesas responsáveis pela política cultural, para que, à
semelhança do que fazem os
nossos amigos oliventinos, também em Portugal se preste atenção ao
Português alentejano
de Olivença.

Jornal “COSTA A COSTA”(Lagos, Algarve; também sudoeste alentejano), 15-Abril-2009,
Jornada de 28-Fevereiro-2009 em Olivença
A “NOSSA” OLIVENÇA; A OLIVENZA “DELES”
A. Martina Quaresma, historiador
((duas gravuras; uma com Cláudio Torres falando com outras pessoas, com a legenda
“Cláudio Torres, Alberto Matos e Joaquin Fuentes, Presidente da Associação de Além
Guadiana”; outra, com a assistência, com a legenda “Aspecto da Assistência”)
Como 90%,ou mais, dos portugueses, sempre conheci “a” Olivença, cujo nome está em
inúmeras ruas de vilas e cidades portuguesas. E como 90%, ou mais, dos portugueses,
também eu nunca dediquei a Olivença muitas das minhas cogitações.
De repente, uma série de factos, mais ou menos simultâneos, fizeram-me “descobrir
Olivença: uma rápida visita em busca de um oliventino do século XVII, que, no litoral
alentejano, fez obra de engenharia militar; uma audição, no “Youtube”, do grupo “folk”
oliventino “Acetre”; o conhecimento, em Milfontes, de uma oliventina que falava
português; e, mais recentemente, o aparecimento duma associação cultural, a Além
Guadiana, que pretende promover a cultura portuguesa em Olivença.
Rapidamente, lembremos que, anexada pela Espanha, em 1801, durante a rápida “Guerra
das Laranjas”, nome p+ouco guerreiro do primeiro episódio das sangrentas invasões
francesas, Olivença tem-se mantido, desde então, como uma espinha atravessada na garganta
lusa. Não é que o assunto tenha estado semppre na berra, mas a verdade é que,
oficialmente, o Estado português não reconhece a soberania espanhola sobre Olivença e
continua a existir um pequeno sector da opinião pública portuguesa que mantém viva a
questão. Convenhamos, sem nos alargarmos, que Olivença tem todos os ingredientes para se
manter no centro de uma disputa, desde as circunstâncias históricas que rodearam a sua
incorporação em Espanha até ao seu “carácter” marcadamente português. Hoje Olivença é uma
vila (aliás, cidade) onde persistem impressionantes traços materiais portugueses, mas
onde a língua portuguesa, que individualizava sobremaneira a sua população, submetida a
tratos de polé pelos poderes, está em agonia, apenas sendo falada pelos mais velhos.
Aproveitando ter de ir novamente aos arquivos históricos de Portalegre, Elvas e
Olivença, fui, com um amigo (Alberto Matos), de novo a Olivença, onde, no dia 28 de
Fevereiro de 2009, se realizava, por iniciativa da Associação Além Guadiana, uma jornada
sobre o português oliventino, isto é, a variante alentejana do português que se falou
correntemente, até há pouco, naquela cidade.
Na véspera, à tarde, depois de um café bebido com Moysés Cayetano Rosado, professor da
Universidade da Extremadura, em Elvas, lá fomos de novo para Olivença. Aí, não muitos
passos eram andados, encontrámos, para os ladoa da Plazuela de la Magdalena, o Cláudio
Torres e a Manuela Barros Ferreira, que se encontravam também nesta cidade, Pois Manuela
ia falar sobre o Mirandês, língua, como se sabe, do Nordeste português.
Depois de um périplo pelas ruas familiares, onde a cada momento aparecia qualquer
coisa portuguesa, abancámos, os quatro, a uma mesa de Los Castillejos”, para os lados da
Plaza de España. Aqui, servidos por Dom Ramon, saboreámos umas magníficas tapas,
acompanhadas por um vinho local, o Quinta Alaude, em que os sabores extremenhos (deixem
lá ficar com “x”) e alentejanos se associavam.
No dia seguinte, às matinais 9.30 horas espanholas, estávamos a estacionar junto ao
antigo Convento de São João de Deus, encravado num dos baluartes da antiga fortificação
portuguesa, a dois passos da famosa Porta do Calvário e da Rua Vasco da Gama.
Lá estavam os jovens oliventinos da Associação Além Guadiana, organizadora do
Encontro, diversos especialistas nos vários temas a tratar, alguns oliventinos ainda
falantes do Português e gente ida de vários pontos de Portugal. Em número significativo,
as pessoas acabaram por encher o salão, antiga igreja do convento.
Naturalmente, lá estavam também algumas das conhecidas figuras da “Questão de
Olivença”. Desde logo, o Jurista Teixeira Marques, Presidente do Grupo dos Amigos de
Olivença, associação criada nos anos 40 do século passado, e Carlos Luna, outro nome
incontornável na defesa dos direitos portugueses. Do lado de “las razones de España”,
distinguia-se Luis Alfonso Limpo, incansável paladino dos direitos de Espanha sobre
Olivença. Todos, se não em efusivo, pelo menos em pacífico trato.
No fim do dia, terminado o evento, tinha-se a certeza de que se havia dado um
importante passo para a inversão do estado de coisas no que respeita à cultura e à língua
tradicionais de Olivença. E sentia-se que a via da cultura era aquela em que todas as
sensibilidades se podiam unir e trabalhar em conjunto.
A. Martins Quaresma

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